As mulheres artistas na História da Arte – do Renascimento aos nossos dias.

O que nos dizem estes nomes?

Artemísia Gentileschi     Annie Albers      Vieira da Silva

Aurélia de Sousa           Lavinia Fontana 

Paula Rego      Sofonisba Anguissola     Sara Afonso

Todos nós já ouvimos falar de Paula Rego e Vieira da Silva, duas artistas portuguesas que desenvolveram um trabalho artístico invulgar e reconhecido pelos museus, críticos e historiadores de arte de toda a Europa assim como pelo público.

Para além da sua obra ser objecto de várias exposições em museus, tanto historiadores de arte como críticos publicam artigos e livros sobre a sua vida e a sua obra. Os seus trabalhos circulam no mercado da arte, tanto ao nível das galerias como dos leilões.

Porém, nem sempre foi assim!

Tanto Sara Afonso (Lisboa, 1899) como Annie Albers (Berlim, 1899) viveram em países diferentes, numa época em que era difícil o papel da mulher artista, mesmo nos grupos sociais mais liberais e progressistas. Sara Afonso, mulher de Almada Negreiros, fez a sua formação nas Belas Artes, em Paris, mas deixou de desenvolver a sua carreira artística, optando por se dedicar à família, não tendo tido a divulgação e o reconhecimento que teve o seu marido.

Lavinia Fontana, “Minerva a vestir-se”, 1613

Annie Albers, casada com o famoso artista Josef Albers, pertenceu à Bauhaus, escola de artes e design “revolucionária ” para a época. Porém, a organização desta escola encaminhava as mulheres artistas para a formação nas áreas de tecelagem e cerâmica. Muitas destas mulheres foram casadas com artistas que desenvolviam a sua aprendizagem nas áreas reconhecidas como as Belas Artes: Pintura, Escultura e Arquitectura. 

Todos os outros nomes acima indicados são de mulheres artistas do século XV ao século XIX  de quem a grande maioria do público nunca ouviu falar.

Porém, desde a década de setenta do século passado que as historiadoras de arte têm vindo a centrar a sua atenção no estudo e na divulgação de obras de mulheres artistas não referenciadas nos livros da História da Arte e, por isso, (quase) esquecidas, como Artemísia Gentileschi, Lavinia Fontana, Sofonisba Anguissola, entre outras.

Este fenómeno surge a partir do momento em que as mulheres têm acesso à educação de nível superior, investigam e publicam artigos e obras de carácter científico. Fazem parte da Academia.

Paula Rego, “Como Anjo que vinga e que perdoa”, 1998

É surpreendente que este tema de natureza cultural nos leve a falar da Itália, que hoje em dia está a braços com a pandemia da Covid 19, mas que guarda uma grande riqueza de obras destas artistas, tanto em Florença, na Gallerie degli Uffizi, como também nas cidades de Bolonha e Roma.

A partir do final do século passado, obras dos acervos destes museus têm sido requisitadas para exposições em museus dos USA, Brasil e Espanha.

Estas artistas conseguiram construir um corpo de obra em épocas tão remotas porque viveram em clausura, o que lhes permitia o acesso a uma educação básica, ou em situações familiares favoráveis ao desenvolvimento do interesse pelas artes, nomeadamente pelo estudo da Pintura.

Em Portugal, embora em menor número, também Josefa de Óbidos (Sevilha, 1630 – Óbidos, 1684) e Aurélia de Sousa (Valparaiso, 1866 – Porto, 1922) conseguiram produzir as suas obras de pintura, gravura e azulejos, porque viveram em situações sociais e familiares privilegiadas à semelhança do que aconteceu com as artistas italianas deste período histórico.

Josefa de Óbidos, “Cordeiro Pascal”, 1660-1670

Dr.ª Fátima Mota 

Galerista, e na ASSM é a coordenadora da Comissão Especializada da Cultura                                                         

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