A vida é como um banquete – convivemos uns com os outros, partilhamos alegrias, preocupações, responsabilidades, tarefas, delícias, sonhos e esperanças, brindamos, comemoramos ou “bebemoramos”. Mais importante do que aquilo que comemos é com quem estamos, comemos, vivemos ou convivemos.
Tudo começa com os aperitivos – a infância.
A seguir vêm os pratos rápidos – a juventude.
Surgem depois os pratos principais – a idade adulta.
Por fim, a sobremesa – a idade sénior.
Ser idoso é saborear a sobremesa da vida, onde os netos são os doces ou os mimos da nossa felicidade.
Ao partilhar esta parábola num grupo sénior, alguém corrigiu:
– Quando somos avós saboreamos a sobremesa da vida, mas no resto da nossa velhice fazemos a oração de agradecimento do banquete, a ação de graças por tudo aquilo que já vivemos…
De facto, assim ensinava Olivier Clément: “uma sociedade onde não se reza mais é uma sociedade onde a velhice não tem mais sentido. E isso é assustador. Nós precisamos de idosos que rezem, porque a velhice nos é dada para isso…”
Por fim, a nossa vida pode ser considerada como o reflexo do relato da criação na Bíblia:
Deus foi criando, ou fazendo despertar, primeiro a generalidade, depois a especificidade, a individualidade, os grandes e os pequenos projetos… Por fim Deus descansou para poder contemplar a obra das suas mãos e concluir que tudo era muito bom.
Assim a nossa velhice corresponde ao sábado, à sétima jornada de Deus, o grande dia para festejar, para contemplar tudo o que foi feito e para se concluir que, apesar de algumas dores e sofrimentos, tudo foi e continua a ser muito bom.
David Quintal